Em Memória
Joaquim Maria Machado de Assis foi o maior escritor brasileiro, mestre do romance, conto, crônica, poesia e crítica literária.
Infância e Formação
Nascido no Rio de Janeiro, em 21 de junho de 1839, no Morro do Livramento, era filho de Francisco José de Assis, pintor de paredes mulato, e Maria Leopoldina Machado, lavadeira açoriana.
Órfão de mãe aos 10 anos, cresceu em condições humildes, enfrentando epilepsia e gagueira, mas destacou-se como autodidata voraz.
Sem formação superior, aprendeu francês, inglês e alemão por conta própria.
Início da Carreira
Aos 16 anos, publicou seu primeiro soneto — “À Ilma. Sra. D. P. M. de A.” — na Periódica dos Pobres.
Em 1856, ingressou na tipografia do Correio Mercantil, onde conheceu Manuel Antônio de Almeida.
Dois anos depois, passou ao Diário do Rio de Janeiro como revisor e cronista.
Com o apoio de Torres Homem e Quintino Bocaiúva, ascendeu socialmente e consolidou sua carreira.
Vida Pessoal e Profissional
Em 1869, casou-se com Carolina Augusta Xavier de Novais, portuguesa culta e companheira por 35 anos, até a morte dela em 1904. O casal não teve filhos.
Machado foi funcionário público exemplar, ingressando na Secretaria da Agricultura (1873), onde chegou a diretor-geral (1890).
Em 1897, fundou a Academia Brasileira de Letras (ABL) e foi seu presidente perpétuo até a morte.
Fases Literárias
1. Romantismo (1855–1878)
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Poesia: Crisálidas (1864), Falenas (1870).
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Teatro: Hoje avental, amanhã luva (1860).
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Romances sentimentais: Ressurreição (1872), A Mão e a Luva (1874).
2. Transição (1878–1880)
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Poesia: Americanas (1875).
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Contos realistas iniciais: O Alienista (1882), incluído em Papéis Avulsos.
3. Realismo / Naturalismo / Psicologismo (1881–1908)
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Romances-primeiros:
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Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) — narrado por um defunto.
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Quincas Borba (1891).
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Dom Casmurro (1899) — ciúme obsessivo de Bentinho.
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Esaú e Jacó (1904).
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Memorial de Aires (1908).
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Contos notáveis: Várias Histórias (1896), Páginas Recolhidas (1899).
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Crônicas: publicadas semanalmente em jornais sob pseudônimos como “Queirós” e “Lélio”.
Estilo e Influências
Machado ironizava a sociedade escravocrata, o positivismo e o adultério burguês com um estilo conciso, repleto de digressões e metalinguagem.
Inspirado em Sterne, Xavier de Maistre e Flaubert, criou o “realismo machadiano” — um realismo psicológico, sem determinismo rígido.
Legado e Morte
Machado de Assis morreu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, vítima de câncer na boca.
Deixou um impressionante legado:
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9 romances,
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9 coletâneas de contos,
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11 livros de poesia,
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5 coletâneas de crônicas,
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4 livros de crítica,
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8 peças teatrais,
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e mais de 600 crônicas avulsas.
É o patrono da Academia Brasileira de Letras (Cadeira nº 23).
Sua obra, traduzida em dezenas de línguas, é estudada mundialmente por ter inovado a narrativa moderna.
Frase emblemática:
“Ao vencedor, as batatas.”
— Machado de Assis, Memórias Póstumas de Brás Cubas
Palavras que Ficaram
Há duas glórias: a de mandar e a de não obedecer.
Cada qual sabe amar a seu modo; o modo, pouco importa; o essencial é que saiba amar.
Suporta-se com paciência a cólica do próximo." (Ninguém realmente se importa com a sua dor, desde que não seja nele.)
O tempo é um rato roedor das coisas, que as diminui ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto.
Música/Vídeo de Homenagem
Uma homenagem especial em memória de Joaquim Maria Machado de Assis
Galeria de Memórias
Livro de Visitas
Julio Cesar
há 4 diasUm mestre. Respeito máximo.
Juliana (Ju) Santos
há 4 diasSempre vejo as frases dele por aí, são muito inteligentes. 'Ao vencedor, as batatas' é a minha favorita kkkk. Não li todos os livros, mas o que eu li já deu pra ver que ele estava muito à frente do tempo. Orgulho pro Brasil! Descanse em paz.
Ricardo Alves
há 4 diasConfesso que na época do colégio eu não aguentava. Era leitura obrigatória pro vestibular e eu lia 'por cima'. Hoje, com 40 anos, reli 'Brás Cubas' e... caramba. O cara era um gênio. Desculpa a demora pra entender, Machado. Gênio é gênio.